domingo, 9 de maio de 2010

O PINA

Nos primordios do Brasil colonial, Olinda era a capital de Pernambuco e o Recife, um pequeno povoado de pescadores. O Bairro do Pina se constituia em ilhas e terras alagaveis, na confluência dos rios Jordão, Tejipió e riacho Pina com o Atlântico.

Situado ao Sul do porto do Recife, a localidade que viria a ser o bairro do Pina, foi logo habitada quando da chegada dos colonizadores portugueses, que lá instalaram a Fazenda Nossa Senhora do Rosário da Barreta. A Fazenda dos Jesuitas, na Ilha mais alongada a beira-mar no sentido norte-sul, tinha uma casa-grande, capela, uma grande senzala, plantações de coco, frutas e verduras. Servia para o recreio e para o abastecimento do colégio dos Jesuítas do Recife.

Em frente a praia, os Jesuítas edificaram um nicho com a imagem de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira do bairro, trazida de Portugal. No norte dessa ilha, havia a ilha da Barreta, que ficou em poder do português André Gomes Pina e seu irmão conhecido como Cheira Dinheiro; onde instalaram um armazem - Estância, para o comercio de açucar com a Europa.

Entre o ceu e o mar, ilhas e praias desertas cercadas de rios e mangues: o Pina já foi assim.

Depois, com a chegada dos portugueses, as terras do Pina conheceram dono. Foram propriedades particulares e, desta forma, participaram da produção econômica de Pernambuco: estância, curtume, fazenda.

Os Irmãos Pina viviam do comercio de açucar; os seus nomes foram usados pela população para identificar as ilhas onde eles moravam: Ilha do Cheira Dinheiro e Ilha do Pina.
Dentre as seis ilhas, a mais conhecida foi a ilha do Cheira Dinheiro; também chamada de Fernão Soares e de Ilha da Barreta por está proximo da Barreta das Jangadas, uma abertura natural nos arrecifes, por onde passavam as jangadas dos pescadores. As outras ilhas eram a das Cabras, ilha do Bode, da Raposa onde no início do seculo XX, instalaram a rádio da Marinha e a ilha do Felipe onde funcionou a destilaria da Bacardi. Mas o nome que predominou foi Pina.

Os Holandeses invadiram Pernambuco em 1630.
No intúito de conquistar o forte de Afogados as tropas invasoras ocuparam as ilhas do Pina, forçando a população a debandar para os redutos de resistência nas terras do Engenho Muribeca em Jaboatão dos Guararapes.

A história se decidiu longe, nos sobrados de Olinda, Recife, Lisboa, Amisterdã. Nos momentos de maior tensão e conflitos, seus figurantes passam e invadem o Pina. Entre o porto do Recife, caminho do mar e Afogados entrada para o continente, o Pina é lugar estratégico, palco de muitas batalhas: Invasão holandesa, Mascates, epidemias. 500 anos se passaram, a história registra fatos e feitos e o Pina de Ilhas e mares permanece.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Santa Menina da Praia do Pina

Contos Verdadeiros

Oswaldo Pereira

O cotidiano do bairro foi quebrado logo cedo, as donas de casa ainda passavam o café e os homens se preparavam para ir pegar no batente. Uma menina estava morta nas dunas da Praia do Pina; o Diário de Pernambuco e as rádios locais chegaram quase ao mesmo tempo, curiosos os populares se perguntavam, quem havia feito aquela barbaridade?

Alguns se apressaram em dizer que a menina era uma vendedora de laranjas que perambulava no bairro e havia sido vista na noite anterior nas imediações da Colônia de Pescadores Z1 do Pina. Mas ninguem sabia seu nome, era uma criança de aproximadamente nove anos e não apareceu nenhum familiar para reclamar sua morte. A imprensa noticiou com alarde aquela tragédia: Menina Sem Nome é Encontrada Morta na Praia do Pina.

Mês de junho, vespera de festa e ano de Copa do Mundo, o tricampeonato com Pelé e companhia, mesmo assim aquele fato ficou marcado na vida da população, váriosdias se passaram e o corpo foi enterrado como indigente no cemitério de Santo Amaro. A polícia deu seu jeito para encontrar um culpado; uma informante acusou um pescador que pagou inocente pelo crime.
Dois anos seriam suficientes para a Menina Sem Nome voltar a ser notícia, pois, em seu túmulo começaram a aparecer ex-votos e bilhetesem agradecimento às graças alcançadas por seu intermédio. Ela havia se tornado santa no imaginário popular, a Santa Menina da Praia do Pina estava concedendo graças as pessoas que com fé pediam casa própria, ajuda nos estudos dos filhos e proteção para as crianças.

Várias versões sobre esses fatos foram contadas ao longo dos tempos, uma delas é que essa criança vinda do interior seria mais uma vítima da repressão e que o seu corpo havia sido colocado ali durante a madrugada trazido em um carro preto. Também que fora vítima de um jovem de familia importante da cidade.

Nove anos após o ocorrido, estranhamente um presidiário resouveu por livre e espontânia vontade, tomara para sí a responsabilidade do crime, libertando o acusado inocente. Mesmo assim a população tem suas dúvidas em relação ao fato, mas, uma coisa é certa; a Santa Menina da Praia do Pina faz milagres.